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Pessoas com deficiência são maioria em turma do SENAI

Pessoas com deficiência são maioria em turma do SENAI

Pessoas com deficiência são maioria em turma do SENAI

Pessoas com deficiência são maioria em turma do SENAI

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam que esses profissionais conquistaram 22 mil empregos em 2015 – 5,75% a mais que no ano anterior

Guidson Marinho é o último aluno a sair após o término da aula. Como representante da sua turma e responsável por responder e reivindicar por seus colegas do curso de Assistente Administrativo, ele precisa se certificar se tudo ficou em ordem após a atividade escolar. Essa responsabilidade dada ao jovem de 22 anos é encarada com tranquilidade, pois, como ele mesmo diz, sendo surdo já precisou superar desafios muito maiores.

Guidson é uma das 27 pessoas com deficiência (PcD) que o SENAI de Altamira capacita no curso de Assistente Administrativo. Além de estudantes surdos, que é a maioria, a turma também é composta por cadeirante, epiléticos, pessoas com baixa visão, com atrofia de membros e com sequelas cerebrais. Três alunos sem deficiência completam a turma. “Na maioria dos locais e espaços públicos não existe o intérprete para nos ajudar e isso dificulta muito a inclusão e o aprendizado. Aqui no SENAI as coisas ficaram mais fáceis por ter a figura da interprete e porque os professores compreendem a nossa importância e valorizam a nossa capacidade”, diz Guidson, que também já fez o curso de Assistente de Engenharia no SENAI. “Eu quero trabalhar na área administrativa e fazer uma faculdade de Pedagogia com especialização em Libras”, complementa o estudante.

Apesar das PcD serem maioria, a professora do curso, Ione Lindoso, pondera que não se trata de uma turma inclusiva. “A gente tem uma obrigação moral e social de respeito a estes jovens, para que a gente não rotule a turma como a turma de deficientes, inclusive para não excluir os alunos sem deficiência. O grande desafio da inclusão não é incluí-los em nosso universo, mas nos incluirmos no universo deles”. Ione explica, ainda, que a metodologia de ensino é baseada na troca de conhecimento entre os alunos. “Todos os dias nós reservamos 5 minutos para 2 ou 3 alunos surdos irem a frente para nos ensinar algumas palavras em Libras. Ao final do curso, eles se formam em assistente administrativo e na formatura deles eles irão diplomar a nós, não surdos, com o curso de Libras pela associação que eles fazem parte”, conta.

Dentro do SENAI, esta turma de Assistente Administrativo ficou famosa não pela questão da deficiência, mas pela assiduidade. É a turma com menos falta, com menos ocorrência de atraso. Além disso, incentivam os demais estudantes por serem muito cooperativos, comprometidos e extremamente dedicados. “Quando eles vêem que tem uma oportunidade de aprender uma profissão dignamente, eles agarram com muita força”, testemunha Ione.

Melissa Cardoso, uma das três alunas não deficiente da turma, está vendo o convívio com as PcD como uma grande oportunidade de aprendizado. “É muito legal esta interação, de eles se esforçando para entrar no nosso ritmo e a gente se dedicando para entender o ritmo deles também. Quando eu entrei no curso, não sabia nada de Libras, agora já consigo estabelecer uma comunicação, fiz amizades e pude refletir sobre a importância da inclusão”, diz a estudante de 16 anos.

Mercado de trabalho

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 24% dos brasileiros possui algum tipo de deficiência. Apesar disso, uma minoria está inserida formalmente no mercado de trabalho. A chamada Lei de Cotas (Lei 8.213 de junho de 1991) tem ajudado no acesso da PcD ao mercado de trabalho. Os últimos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontam que esses profissionais conquistaram 22 mil empregos em 2015 – 5,75% a mais que no ano anterior. Apesar dos números animadores, o discurso da professora Ione na sua turma é que as oportunidades surjam além da obrigatoriedade. “Eu falo pra eles que a Lei obriga que as empresas o contratem, mas que ao sair do SENAI eles sejam aqueles profissionais que as empresas queiram contratar, porque capacidade para desenvolver qualquer atividade eles têm”, encerra a professora.

Atuação do SENAI no Estado

Em todo o estado do Pará, o SENAI capacitou, entre janeiro de 2015 e outubro deste ano, aproximadamente 900 alunos com algum tipo de deficiência, em diversos diferentes cursos. A instituição também participou do Comitê de Adequação de cursos para pessoa com deficiência junto ao Departamento Nacional. Este trabalho prevê o ajuste do Livro Didático Nacional (LDN), montagem de situações de aprendizagem e adequação curricular. Essa conformidade consta de orientações e sugestões didáticas e metodológicas para atendimento de PcD em sala de aula, distribuídas por Unidade Curricular. Constam também, as orientações sobre infraestrutura e tecnologias assistivas específicas para cada deficiência.

A interlocutora do SENAI Pará do Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), Rosilea Machado, afirma que a procura de PcD por cursos vem crescendo nos últimos anos e o SENAI vem se preparando cada vez mais para atender a esta vertente. “Todas as nossas escolas e professores estão se adequando à realidade da pessoa com deficiência, pois a tendência é que tenhamos cada vez mais este público em nossas escolas. Estamos nos esforçando para ofertar este serviço com respeito e qualidade”, diz Rosilea.

Os cursos do SENAI são irrestritos para as PcD. Para conferir a agenda de capacitações disponíveis pela instituição basta acessar o site www.senaipa.org.br. Depois é só se inscrever e, como os alunos da turma de Altamira, começar a aprender uma nova profissão.

Confira o vídeo do aluno do SENAI, Guibson Marinho, falando do importante trabalho de inclusão do SENAI. Acesse aqui!



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