Oficinas práticas encerram programação do Trilhas da Cobertura Climática
- Mayra Leal
- 9 de mai.
- 3 min de leitura

O Trilhas da Cobertura Climática, série de sessões de treinamento para jornalistas e comunicadores, com palestras, debates e conversas, promoveu também oficinas presenciais que integraram a programação de dois dias. Com temas diversos — como geojornalismo, jornalismo de soluções, planejamento de cobertura de uma COP, comunicação climática e redes sociais aplicadas à cobertura climática —, o último dia do Trilhas aprofundou ainda mais os conhecimentos compartilhados ao longo do programa.
“É na oficina que conseguimos detalhar um pouco mais, aprofundar algumas conversas e ir para a parte mais operacional e prática. Aqui foram feitos exercícios e atividades mão na massa. As oficinas são um complemento de toda uma trilha de conhecimento para fazermos uma cobertura climática cada vez melhor”, explicou Daniel Nardin, líder do Amazônia Vox.
A oficina “Jornalismo de soluções na pauta climática e planejamento de cobertura da COP” teve a mediação do jornalista e líder do Amazônia Vox, Daniel Nardin; da jornalista, mentora e editora no Brasil para a Climate Tracker Latam, Marcela Martins; e da jornalista e mestre em Ciências, Ana Carolina Amaral.
A conversa apresentou os quatro pilares do jornalismo de soluções, com a criação de possíveis pautas para aplicação da abordagem. Além disso, os mediadores expuseram os planos de cobertura para a COP e, de forma prática, conduziram a produção de lides para o evento.
A jornalista e assessora de comunicação do Programa Políticas sobre Mudança do Clima (PoMuC), da Cooperação Brasil-Alemanha, Carolina Coelho, e a integrante da Coordenação de Imprensa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Mayara Subtil, mediaram a oficina “Guia de comunicação climática: desenterrando narrativas e traduzindo o clima”. Nela, exploraram o guia de bolso da comunicação climática no Brasil, compartilhando os pontos fortes, lacunas e oportunidades de adaptação às realidades locais. Em um momento prático, os participantes realizaram um desafio, utilizando o guia para traduzir o glossário climático em peças de comunicação mais acessíveis e direcionadas a públicos específicos.
“As pessoas que vivem aqui precisam ter voz ativa na conferência. Eu acho que essa é uma grande oportunidade para mostrar que, de fato, a mudança do clima bate à porta dessas pessoas com muita violência”, afirmou Mayara.
Na oficina “Redes sociais e engajamento na pauta da emergência climática”, a comunicadora, produtora cultural e ativista climática Tay Silva, e o ativista indígena, climático e socioambiental Paulo Galvão falaram sobre o uso da comunicação e das redes sociais como ferramenta na luta por justiça climática, a partir dos territórios tradicionais e periféricos da Amazônia.
“As redes sociais são a forma mais importante de democratizar esse conhecimento para outras comunidades que, inclusive, não entraram na COP, mas que também estão construindo essa COP 30”, afirmou Tay.
A proposta da oficina foi construir narrativas que mobilizem ações, fortaleçam vozes periféricas e enfrentem a crise climática com um olhar comprometido com os direitos e a ancestralidade, tornando a pauta climática mais acessível e engajadora, e conectando diferentes públicos à urgência da defesa dos territórios e da vida.
“A oficina foi super produtiva porque propôs um exercício prático ao final, que faz a gente entender como materializar essa comunicação climática, esses termos, esse glossário de clima, que muitas vezes parecem tão distantes — mas, no nosso dia a dia, estão super presentes”, comentou Desiree Giusti, participante da oficina.
Fechando o último dia do evento, a oficina “Geojornalismo: como investigar o desmatamento na prática” apresentou uma análise detalhada de bancos de dados públicos governamentais e da sociedade civil, utilizando a plataforma MapBiomas Alerta e a ferramenta de geoprocessamento QGIS, além de outras fontes como o Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP), o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e dados sobre áreas protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas). A mediação ficou por conta de Larissa Amorim, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), e Fernanda da Costa, coordenadora de comunicação do mesmo instituto.
As oficinas encerraram a etapa presencial do programa Diálogos de Comunicação: Trilhas da Cobertura Climática, que contou com o patrocínio da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), por meio da Jornada COP+, da Fundação Itaú, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e da Amazon Investor Coalition (AIC). O evento teve ainda o patrocínio do Programa de Políticas sobre Mudança do Clima do Brasil (PoMuC), uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ministério Federal de Economia e Ação Climática da Alemanha (BMWK), no âmbito da Iniciativa Internacional para o Clima (IKI), e implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, no contexto da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável.
A programação também contou com apoio institucional da Temple Comunicação, da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) e da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). Quem não pôde participar presencialmente pode acompanhar as gravações pelos canais do Instituto Bem da Amazônia, Amazônia Vox e Canal da Indústria do Pará.