Guia da Jornada COP+ orienta empresas da Amazônia a adotar práticas sustentáveis
- Mayra Leal
- há 2 dias
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Atualizado: há 21 horas

Pequenas e médias empresas da Amazônia que querem adotar práticas mais sustentáveis em seus processos podem contar com um guia formulado pela Jornada COP+, movimento multissetorial liderado pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA). O documento lançado durante a COP30 reúne informações e dicas sobre orientações, conceitos e sugestões de boas práticas alinhadas às exigências ambientais e sociais contemporâneas. Com orientações desde a implementação de princípios sustentáveis até o monitoramento de índices e mensuração de benefícios, o Guia de Práticas Sustentáveis para a Indústria da Amazônia está disponível no site da Jornada COP+.
Segundo Alex Carvalho, presidente da FIEPA e da Jornada COP+, o guia é adaptado ao contexto da região e quer impulsionar um modelo de desenvolvimento baseado em baixo carbono, conservação e inovação. “Este guia traduz o ESG para a realidade amazônica, com sua biodiversidade única, seus desafios ambientais e suas oportunidades econômicas. Ele reúne ferramentas, programas de apoio, metodologias, certificações e mecanismos capazes de tornar nossas empresas mais competitivas, mais transparentes e mais resilientes”, explica.

Ao orientar sobre como implementar princípios responsáveis socioambientalmente, custos e benefícios da adoção destas práticas, formas de buscar financiamento e de acessar programas setoriais, o guia debate conceitos como economia circular, sociobioeconomia, inclusão social e ESG. ESG é a abreviação de Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança e se refere ao conjunto de princípios que orienta as empresas na incorporação de práticas sustentáveis.
Para o consultor ambiental Raniery Branco, diretor da STA - empresa de consultoria especializada em projetos ambientais - e um dos responsáveis pela formulação do guia, a adoção de princípios ESG não é mais opcional. “Empresas que adotam esses princípios reduzem riscos, ganham credibilidade e conseguem acessar mercados e investimentos mais exigentes. No contexto amazônico isso é ainda mais relevante: seguir o ESG é mostrar que é possível gerar valor enquanto se protege a floresta e se respeita quem vive nela”, destaca.
Estudos comprovam benefícios para toda a sociedade
Deryck Martins, presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Federação e coordenador técnico da Jornada COP+, destaca que quando uma corporação resolve seguir caminhos mais sustentáveis todos ganham, principalmente a própria empresa. “A adequação às normas ambientais e sociais é um diferencial competitivo acessível e vital para a sobrevivência de qualquer negócio, independentemente do seu tamanho”, conclui.

No setor da mineração, por exemplo, um dos mais importantes da economia paraense, um estudo da empresa de consultoria EY-Parthenon, lançado durante a COP30, destacou que a incorporação estratégica de práticas ESG na área pode aumentar 20,81% na atividade econômica. De acordo com o levantamento, os benefícios ultrapassam as fronteiras das empresas que adotam essas práticas e se expandem a toda a economia brasileira, com estimativa de R$399 bilhões adicionais por ano na economia brasileira.
O estudo revela ainda que a adoção de princípios ESG na mineração, poderia gerar mais de 3 milhões de novos empregos, evitar a emissão de 19,52 milhões de toneladas de CO₂, preservar cerca de 4,8 trilhões de litros de água, além de impedir a geração de 400 milhões de toneladas de resíduos.
Guia é um legado da Jornada COP+ e aposta em formato operacional
O Guia de Práticas Sustentáveis para a Indústria da Amazônia foi lançado durante a Cúpula de Inovação e Sustentabilidade da Jornada COP+, evento paralelo à COP30 que apresentou os próximos passos da indústria paraense rumo a uma transição justa na região. Na ocasião, também foram apresentados os três programas estruturantes que passam a compor, de forma permanente, a Federação das Indústrias do Estado do Pará: o Programa de Sociobioeconomia, o Programa de Apoio ao Combate ao Desmatamento e Queimadas Ilegais e o Programa de Economia Circular.

Para Deryck Martins, a proposta do documento é democratizar o acesso a práticas sustentáveis globais. “O guia é uma ferramenta indispensável. Ao simplificar temas complexos como ESG, economia circular e rastreabilidade, o material serve como um manual prático que nivela o conhecimento, oferecendo aos gestores os caminhos e recursos necessários para tirar os planos do papel”, afirma.
Por isso, segundo Raniery, o guia foi formulado para ser prático e operacional. “Ele foi pensado para traduzir a complexidade da região em ações concretas, desde o uso adequado dos recursos naturais até governança, rastreabilidade e relação com comunidades locais. É um material que reduz incertezas e ajuda o setor produtivo a crescer sem comprometer os ecossistemas”, conclui.
O Guia de Práticas Sustentáveis para a Indústria da Amazônia pode ser acessado pelo link https://www.fiepa.org.br/copmais






