Varanda da Amazônia: Indústria paraense defende exploração responsável de petróleo e fortalecimento de biocombustíveis
- Mayra Leal
- 7 de out.
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Atualizado: 16 de out.

Em painel sobre a transição energética nesta terça-feira, 7, em Belém, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará e da Jornada COP+, Alex Carvalho defendeu o consentimento para pesquisa e exploração de petróleo na Margem Equatorial da Amazônia, assim como o investimento em biocombustíveis para a evolução da matriz energética do país. O painel integrou a programação do Fórum Varanda da Amazônia, capitaneado pela cantora Fafá de Belém, e que em sua terceira edição está promovendo diálogos sobre a região.
Reunindo especialistas e representantes governamentais, da sociedade civil e do setor produtivo, o painel discutiu soberania, território e sustentabilidade, a partir do debate sobre os caminhos para uma transição energética justa. O presidente da FIEPA defendeu o direito de pesquisa para a exploração de petróleo na Margem Equatorial. "Estamos experimentando há décadas um modelo que nos coloca em segundo plano. É o momento de uma libertação, com o consentimento de uma eventual exploração da margem equatorial. O petróleo brasileiro corresponde a 0,5% das emissões de gases do efeito estufa no mundo. Não é justo nos impor esta vilania", defendeu Alex Carvalho.
O presidente também destacou a vocação brasileira para produção de biocombustíveis, e a importância das atividades energéticas ajudarem a desenvolver os fornecedores locais. "Nós estamos diante de uma adição energética, uma evolução, com a descarbonização, buscando fomentar cada vez mais cadeias produtivas. Se nós não produzirmos, outros países vão produzir e os estudos demonstram que o petróleo produzido no Brasil é menos poluente do que os produzidos por outros países mundo afora”. Por fim, Alex Carvalho defendeu a soberania do setor produtivo e dos povos da região. “Nós queremos a nossa gente dizendo sim às atividades econômicas que respeitam a lei, que cumprem com o papel ambiental, mas que tem acima de tudo tem compromissos socioeconômicos. A floresta precisa ficar em pé e a nossa gente tem que ficar em pé de igualdade”, concluiu.

O painel também teve a participação de Rodolpho Zahluth Bastos, secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará. O secretário defendeu que a discussão sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial deve dialogar com as comunidades costeiras de forma que elas sejam beneficiadas com o projeto e acrescentou que o processo já resultou em diversos estudos e parcerias com as instituições de pesquisa da região, como análises socioeconômicas das comunidades costeiras e do carbono retido pelos manguezais da costa amazônica.
O secretário também defendeu a soberania das empresas da Amazônia. “Tem empresas que já atuam para a Petrobrás no sul do país e que já estão construindo filiais no Pará, já sabendo qual é o processo de atendimento desse serviço e que podem acabar ocupando o espaço das empresas paraenses. O diálogo precisa ser feito, tanto no nível de colaboração no ambiente federativo, como também o diálogo com as comunidades nesse contexto de repartição de benefícios”, afirmou.
Eliane Cabeza, representante da ARCON - Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Pará - destacou a produção de biocombustíveis amazônicos a partir da matéria prima da Amazônia, como óleo de dendê, de palma, açaí; e o biometano que já está em produção no Pará. A coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, defendeu que o desenvolvimento da Amazônia não pode estar atrelado à produção de petróleo. André Guimarães, Diretor Executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, ressaltou a necessidade de diálogo para a tomada de decisões sobre a Margem Equatorial e a importância de avaliar alternativas ao petróleo para o desenvolvimento na região, como o incentivo ao potencial brasileiro de produção de biocombustíveis. O debate foi mediado por Eugênio Pantoja, advogado, especialista em Amazônia e gerente de performance social.
Varanda da Amazônia
A programação do Fórum iniciou com apresentação e discurso da cantora Fafá de Belém, que explicou que o objetivo do evento é fortalecer o protagonismo da Amazônia e de quem vive na região. “O futuro da Amazônia é agora e é função de cada um de nós. Cada um de nós é responsável por cada milímetro dessa terra, é a nossa voz que tem que ser ouvida”, pontuou.
A abertura também contou com discurso do governador do Pará, Helder Barbalho, que destacou a importância de informação ambiental qualificada e de acesso a todos. "Esses debates que estão acontecendo aqui hoje e amanhã contribuem muito para que nós possamos chegar na COP robustos daquilo que nós queremos. Nós temos que aproveitar este momento singular na nossa história contemporânea para deixar um legado para a Amazônia. Temos que buscar a partir deste momento de convergência e de mobilização ambiental deixar um legado para a floresta amazônica a partir de um modelo de desenvolvimento que preserve o meio ambiente e que interaja com as pessoas”, afirmou.
A programação do Fórum segue até esta quarta-feira, 8 de outubro, com painéis e exposições no Teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação das Docas. O evento é gratuito e aberto ao público, mediante inscrições antecipadas. Mais informações no site: www.varandadaamazonia.com.br.
Por Mayra Leal.






