Encerramento do Festival SESI de Cultura promove debate sobre sustentabilidade e ética no setor cultural
- Mayra Leal
- há 3 dias
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“Tudo está integrado: negócios, natureza, comunidades, cultura. Não há desenvolvimento sustentável sem cultura”. Essa é a premissa da jornalista e especialista em ESG Giuliana Morrone para a palestra magna no evento “ESG na Cultura – Diálogo sobre Sustentabilidade e Ética”. A programação de encerramento do Festival SESI de Cultura será na próxima quarta-feira, 22, no Auditório Albano Franco, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), das 14h às 19h. O evento aberto ao público está com inscrições gratuitas pelo link: https://www.fiepa.org.br/event-details/esg-na-cultura-dialogo-sobre-sustentabilidade-e-etica
Na programação, além da palestra magna, haverá painel sobre boas práticas de governança no setor cultural com a gestora nacional da Política SESI de Cultura, Paula Bosso; e debate a respeito do futuro do investimento cultural sob a lente do ESG, com o diretor de Fomento Indireto do Ministério da Cultura, Odecir Costa, e outros especialistas.
Palestra magna

Com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, a ex-correspondente internacional e apresentadora da TV Globo, Giuliana Morrone se especializou em ESG e Economia Circular e hoje atua como palestrante e consultora no assunto. Seu trabalho tem como propósito desvendar as complexidades da sustentabilidade empresarial, abordando os desafios reais na implementação das práticas ambientais, sociais e de governança com o debate a respeito dos “Mitos e Verdades Sobre ESG”.
ESG é a abreviação de Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança e se refere ao conjunto de princípios que orienta as empresas na incorporação de práticas sustentáveis. A proposta do debate de quarta-feira é refletir sobre a relação entre arte, sustentabilidade e ética, a partir desses princípios. “No acrônimo ESG, o ‘S’ diz respeito à responsabilidade social que empresas devem ter com consumidores, investidores, com a comunidade. Essas empresas devem dar relevância a uma agenda sustentável que integre inclusão social e vantagem competitiva. Para isso, devem apoiar atividades culturais”, pontua Giuliana Morrone.
A especialista também destaca que além de tudo, a adoção de práticas ESG é estratégica. “Além das exigências do mercado, há a pressão da sociedade. E é sempre bom lembrar que estamos na era da transparência. A qualquer momento, tudo pode emergir: o certo e o errado. Quem escolhe o certo alcança uma perspectiva de longevidade, de longo prazo e de legado”, conclui Morrone.
A gerente executiva de Cultura do SESI Pará, Ana Cláudia Moraes, explica que a ideia de incluir o tema “ESG na Cultura” na programação do festival nasceu da percepção de que essas práticas são inerentes ao fazer cultural. “A cultura tem um papel central na formação de valores e na construção de visões de futuro, e por isso ela precisa estar no centro desse debate. Além disso, a indústria, que é historicamente uma das grandes patrocinadoras e fomentadoras da cultura no Brasil, já vem adotando práticas de ESG em suas políticas internas. Então, nada mais natural do que trazer esse diálogo para dentro do festival”, pontuou.
Boas práticas de governança são exigência para o setor
As boas práticas de governança no setor cultural serão abordadas na palestra da gestora nacional da política SESI de cultura, Paula Bosso. Com 15 anos de atuação no Sistema Indústria, Bosso lidera iniciativas do SESI voltadas à economia criativa, cultura e indústria, além de programas de formação de agentes culturais em parceria com o Ministério da Cultura.

A gestora explica que na cultura, governança é o processo de profissionalização da gestão para garantir que os projetos e programas sejam éticos, transparentes e sustentáveis a longo prazo. “Não se trata apenas de cumprir a lei, mas de ir além, adotando total transparência sobre os aspectos financeiros e os resultados alcançados. Também significa incorporar a equidade, tratando de forma justa artistas, técnicos, comunidades, público e patrocinadores. Isso se traduz em políticas de diversidade, inclusão e acessibilidade, garantindo que as oportunidades não sejam restritas a um pequeno grupo”, destaca Paula Bosso. De acordo com a gestora, as boas práticas também passam pela aplicação responsável de recursos, zelando pela saúde financeira dos projetos e garantindo impacto positivo, tanto social quanto econômico.
A gestora também destaca que a postura responsável é uma exigência de patrocinadores, editais e do próprio público. “Patrocinadores e investidores querem apoiar projetos que tenham compromisso real com o social, o ambiental e uma gestão transparente. Sem isso, muitas portas simplesmente não se abrem. Depois, tem a questão da credibilidade. Uma boa governança evita problemas como má gestão ou crises de imagem. E num setor que lida com recursos incentivados, isso é fundamental. Além disso, o público está mais atento. As pessoas querem consumir cultura que respeite o meio ambiente, como festivais que cuidam do lixo ou teatros que economizam energia, e que promovam ambientes de trabalho justos e inclusivos”, afirma Bosso.
A discussão sobre ESG e investimento cultural será aprofundada em palestra do diretor de Fomento Indireto do Ministério da Cultura, Odecir Costa. Ao longo de sua trajetória, atuou como coordenador-geral de acompanhamento e avaliação da Secretaria da Economia Criativa e Fomento Cultural, integrou a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) e chefiou a Delegação Brasileira na XLVII Reunião de Ministros da Cultura do Mercosul.
O Festival
A programação do Festival SESI de Cultura iniciou em agosto, com diversos shows e espetáculos que valorizaram a produção artística regional. O Festival é uma iniciativa cultural selecionada pelo Programa Nacional de Cultura, do SESI Nacional. O evento também integra as ações da Jornada COP+, movimento multissetorial liderado pela FIEPA, voltado à construção coletiva de uma nova agenda econômica, social e ambiental para a indústria na Amazônia. “A conexão do evento com a Jornada COP+ representa uma importante articulação entre a agenda cultural e os compromissos ambientais e sociais assumidos pela indústria. Queremos contribuir para a construção de uma nova consciência, onde práticas sustentáveis, responsabilidade social e governança ética sejam compreendidas não como obrigações, mas como valores essenciais, inclusive no campo cultural”, destacou Ana Cláudia Moraes.
Serviço: “ESG na Cultura – Diálogo sobre Sustentabilidade e Ética” - Encerramento do Festival SESI de Cultura
Data: 22 de outubro (quarta-feira)
Local: - FIEPA - Tv. Quintino Bocaiúva, 1588 - Nazaré, Belém (Auditório Albano Franco)
Hora: 14h às 19h
Inscrições gratuitas pelo link: https://www.fiepa.org.br/event-details/esg-na-cultura-dialogo-sobre-sustentabilidade-e-etica