Indústria da Amazônia anuncia programa inédito contra o desmatamento ilegal na Semana do Clima de Nova York
- Mayra Leal
- 25 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de out.

Nova York – 24 de setembro de 2025 – Em meio às discussões globais sobre clima e sustentabilidade na Semana do Clima de Nova York, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e a Jornada COP+, movimento multissetorial da Amazônia brasileira, anunciaram o Programa pelo Combate ao Desmatamento e Queimadas Ilegais, uma iniciativa pioneira do setor privado amazônico para acelerar a meta brasileira de zerar o desmatamento ilegal até 2030.
Segundo Alex Carvalho, presidente da FIEPA e da Jornada COP+, o programa é uma resposta direta às pressões ambientais e econômicas que recaem sobre a Amazônia. “Ao não tolerarmos as ilegalidades, estamos enfrentando de frente o fato de que o desmatamento ilegal destrói a floresta, polui os rios, mas também corrói a reputação da Amazônia com impactos econômicos e geopolíticos profundos. A indústria amazônica se compromete a ser parte ativa dessa força-tarefa global”, afirma Carvalho.
O programa, que terá abrangência inicial no Pará, está estruturado em três eixos: diagnóstico para estudos sobre o custo econômico do desmatamento ilegal para o setor produtivo e para a reputação da região; engajamento e mobilização de empresas dos setores de carne, madeira, grãos, outros segmentos estratégicos, além da sociedade civil; e ação direta na identificação de focos de desmatamento e queimadas, com apoio a brigadas de incêndio, reporte de informações e articulação com autoridades competentes. A iniciativa prevê ainda a criação de um Observatório Florestal, voltado à sistematização de dados e evidências, e um espaço permanente para a visibilidade de casos de boas práticas produtivas sustentáveis.
Um dos marcos previstos é a assinatura, durante a COP30 em Belém, de uma Carta Compromisso pelos setores produtivos, estabelecendo metas de tolerância zero ao desmatamento ilegal. A partir dessa experiência no Pará, a iniciativa poderá ser replicada nos outros oito estados da Amazônia Legal. O coordenador técnico da Jornada COP+, Deryck Martins, que também acompanha a comitiva em Nova York, reforça que é a primeira vez que a indústria amazônica organiza um programa de combate direto ao desmatamento e queimadas ilegais. “Estamos envolvendo setores produtivos e também a sociedade, em um esforço coletivo que combina transparência, inovação tecnológica e governança responsável”, afirma Martins.
Os anúncios ganham força em um momento de queda nos índices de desmatamento. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no mês passado mostram que o monitoramento de satélites revelou que os alertas de desmatamento caíram em três dos principais biomas brasileiros entre agosto de 2024 e julho de 2025. A Amazônia apresentou uma queda geral de quase 50%. Apesar de ainda liderar em área desmatada, o Pará teve redução de 21% nos alertas em relação ao período anterior.
O Brasil assumiu o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, alinhando-se às metas do Acordo de Paris. O programa liderado pela FIEPA e pela Jornada COP+ surge como contribuição do setor privado brasileiro a essa meta, ao mesmo tempo em que busca reforçar a imagem da Amazônia como território estratégico para investimentos sustentáveis. “Queremos mostrar que desenvolvimento econômico e floresta em pé podem caminhar juntos. Esse é o verdadeiro sentido de uma transição justa”, concluiu Alex Carvalho em Nova York.
Diretrizes para uma economia de baixo carbono
Durante a programação da Semana do Clima, a Jornada COP+ também lançou as Diretrizes para uma Economia de Baixo Carbono na Amazônia, entregues a autoridades como o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
O documento reúne recomendações construídas coletivamente por quase 200 profissionais em dez comitês técnicos e apresenta caminhos para conciliar crescimento econômico, inclusão social e conservação da floresta. Essas diretrizes serão detalhadas em eventos oficiais e paralelos da COP30 em Belém, reforçando o protagonismo amazônico no debate global sobre clima e sustentabilidade.
Jornada COP+ A Jornada COP+ é um movimento multissetorial da Amazônia brasileira, iniciado em maio de 2024, que reúne empresas, governos, sociedade civil e comunidades locais em torno da transição justa na região. Seu objetivo é preparar a Amazônia para além da COP30, que será realizada em Belém em novembro de 2025, e consolidar legados de longo prazo para a economia de baixo carbono.
O movimento é estruturado em dez comitês técnicos – entre eles comunicação e advocacy, infraestrutura e logística, atração de investimentos, sociobioeconomia, economia circular e baixo carbono.
Por Cleide Pinheiro e Mayra Leal.







