Projeto de revestimento sustentável é o vencedor do Hackathon da Jornada COP+
- Mayra Leal
- há 23 minutos
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Um revestimento inteligente feito com materiais da Amazônia, como fibra de juta, ouriço de castanha-do-pará, lignina, entre outros, e que gera menos impacto ambiental: esse é o projeto Juma, vencedor do 1° Hackathon da Jornada COP+. A competição teve foco em soluções sustentáveis para a construção. O projeto criado por estudantes de arquitetura e engenheiros civis foi premiado com R$20 mil.
A estudante de arquitetura Bianca Martins foi a responsável por apresentar o Juma para a banca de jurados, formada por profissionais do setor da construção e de universidades. “Eu estava muito nervosa esperando o resultado e agora eu tô muito feliz, toda a equipe está muito honrada de ter ganhado esse prêmio, porque todas as ideias eram muito boas”, contou.
O segundo lugar ficou com o projeto Bioverniz, um verniz sustentável selante feito com componentes da natureza e resíduos orgânicos, como casca de frutas e óleo usado. “Estar entre os premiados foi muito gratificante. A gente lidou aqui com um desafio que tem tudo a ver com os desafios dos próximos anos, porque até 2030 a gente precisa construir um Brasil que converse mais com a Amazônia. Estamos muito felizes com esse resultado”, destacou o representante do grupo, o engenheiro e mestrando em biotecnologia Jonas Cunha. A equipe foi premiada com o valor de R$10 mil.
O terceiro lugar recebeu a premiação de R$5 mil. Foi o projeto Ecobim, que utiliza a metodologia BIM de modelagem da informação da construção para calcular a sustentabilidade em projetos do setor. Davi Borges, estudante de arquitetura, destacou a evolução do projeto ao longo dos dias de hackathon.“ A nossa ideia começou com algo muito genérico e a gente foi pensando juntos, contando com a ajuda dos mentores. E conseguimos executar de uma maneira além do que estávamos imaginando”, ressaltou.

O Hackathon da Jornada COP+ começou na segunda-feira 12. Durante quatro dias, os participantes estiveram imersos na construção das soluções sustentáveis. Além dos três vencedores, outros quatro projetos foram desenvolvidos: o Açaicrete, concreto leve, sustentável e de baixo carbono, feito de caroço de açaí; o Ecoco, telhado feito a partir da fibra de coco; o Econós, solução logística e de economia circular que promove reaproveitamento de resíduos da construção; e o Eco Hybrid, tecnologia de construção modular com uso de concreto de baixo carbono que aproveita resíduos da madeira.
Os projetos foram apresentados nesta quinta-feira, 15, e avaliados pela banca de jurados. Daniel Sobrinho, engenheiro, coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e diretor da FIEPA foi um dos avaliadores. “Foi difícil escolher os três, a gente queria premiar todos os projetos, porque todos estão muito bem encaminhados”, contou.
O reitor do Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa), Sérgio Fiuza de Mello, também compôs o júri especializado. O professor destacou a importância do Hackathon escolher a construção sustentável como tema. "Uma indústria da construção civil mais sustentável significa mais qualidade de vida para todos. Além do que significa também um avanço enorme na direção de uma nova economia. O que se viu aqui nesses sete projetos nos dão uma esperança enorme de que nós estamos num caminho, olhando para a bioeconomia, olhando novos arranjos produtivos locais e a inserção nesta cadeia produtiva de famílias, cooperativas que até então não têm sido protagonistas desta cena, destes projetos. A gente percebe nos projetos apresentados a preocupação com a sustentabilidade desenvolvendo pessoas”, ressaltou.
Também estiveram na banca Arthur Couceiro, Diretor de Operações na Quadra Engenharia; Leandro Gil Castelo Branco, Diretor Adjunto de Obras Públicas de Edificação; e José de Andrade Raiol, arquiteto, ex-professor da UFPA e ex-Secretário Estadual de Desenvolvimento Urbano.

Realizado pela Jornada COP+, movimento de construção de uma nova agenda social, ambiental e econômica para a Amazônia brasileira, o Hackathon teve a programação construída pelo Instituto SENAI de Inovação (ISI). “Esse foi o primeiro hackathon da Jornada COP+, a COP é um marco, não é um ponto de chegada, essas ideias e soluções serão perpetuadas para além da COP. Esse legado tem que ficar. Os sete projetos apresentados se complementam, e isso não foi idealizado, o que mostra que há uma sinergia de pensamentos por uma construção sustentável e adaptada ao que temos na região”, destacou Adriano Lucheta, diretor do Instituto Senai de Inovação.
Para Thais Haber, assessora de inovação do Instituto SENAI de Inovação, o Hackathon superou as expectativas e cumpriu sua função. "Eu estou muito orgulhosa, enquanto mentora, da gente ter visto a transformação dessas ideias do primeiro dia para o que foi apresentado hoje nos pitches finais. A maturidade que todas as equipes ganharam em termos de criatividade, trabalho em grupo, de desenvolvimento. Todos os projetos que saíram daqui podem sim virar projetos para serem efetivados e chegarem ao mercado para o consumidor final", afirmou.
O 1° Hackathon da Jornada COP+ foi realizado pela FIEPA, CNI e Instituto Amazônia+21. A programação teve patrocínio master da Vale e premium da Guamá Tratamento de Resíduos. Para a gerente de meio ambiente e relacionamento da VALE, Daniela Genu, eventos como este reforçam a importância de caminhar cada vez mais para um desenvolvimento sustentável. “Nos enche de ideias, traz novas possibilidades, novas metodologias e a gente consegue entender que é totalmente possível a gente conciliar o desenvolvimento econômico com o social e o ambiental. Estamos trabalhando fortemente em temas voltados para descarbonização, para bioeconomia e para preservação da floresta”, ressaltou.
O evento foi apoiado pela Ação Pró-Amazônia, Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), SENAI, SESI, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (CREA-PA) e Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará, o Sinduscon-PA. “A construção é um segmento pujante para a economia, que carrega uma cadeia produtiva muito grande, tem um potencial enorme de empregabilidade e move a economia. Então participar de movimentos inovadores e de grande sucesso que podem representar muito benefícios para a indústria da construção e para o meio ambiente é necessário. Quanto mais nós estivermos próximos de experiências como o Hackathon, dos centros de pesquisa e de ensino de um modo geral, mais estaremos participando desse processo revolucionário, transformador na indústria da construção”, destacou Eliana Veloso, gestora do Sinduscon.
A segunda edição do Hackathon da Jornada COP+ está prevista para o próximo semestre.