ARTIGO: Prontos para a COP

Belém, 21 de junho de 2025

Faltam menos de cinco meses para a COP30 e problemas de hospedagem, saneamento e transporte, em Belém, continuam dominando noticiários, eventos e rodas de conversa. Entre as publicações mais recentes, a da Folha de São Paulo, sobre a acomodação da secretaria extraordinária da COP em base militar da capital paraense após a cotação de até R$ 25 mil, por dia, em hotel da cidade.

Não podemos fechar os olhos para os fatos. Inclusive, já foram muitas as vezes que reconhecemos publicamente tais desafios e pedimos menos ganância e mais profissionalismo na hora de cobrar por leitos, prestar serviços, etc. Mas penso que também não podemos aceitar o exagero, ou melhor, a má intenção de quem insiste em ver somente o copo vazio. 

Estive, nesta semana, em evento da Confederação Nacional da Indústria e precisei me posicionar de forma contundente quando ouvi, novamente, críticas duras à realização da COP na Amazônia. Falei e repito: como cidadão de Belém, não me sinto e nem me sentirei envergonhado com esta campanha negativa. Apenas lamento muito porque, no fundo, tais ataques atingem não somente minha cidade, atingem o Brasil. Todos perdem. 

E como entusiasta do desenvolvimento, do caminhar pra frente, do aproveitar oportunidades, escolho focar nas soluções. Tenho acompanhado os debates pré-COP em Bonn, na Alemanha, e fiquei muito satisfeito com o posicionamento dos representantes brasileiros. Valter Correia, secretário extraordinário, André Corrêa do Lago, presidente, e Ana Toni, diretora executiva da COP30, afirmaram que vão garantir hospedagem para todos os delegados e participantes. A Plataforma Oficial de Acomodação tem lançamento previsto para o final deste mês e abrirá com cerca de seis mil leitos no primeiro lote. A informação oficial é de que serão mais de 29 mil quartos e 55 mil leitos disponíveis no total. Fora as outras soluções em navios, escolas.

Temos presenciado também iniciativas importantes da sociedade civil. Destaco, como exemplo, a adesão de diversas entidades ao programa do Governo do Estado, Capacita COP30. O SENAI é uma das instituições parceiras e já ofertou 5.812 vagas em treinamentos gratuitos. Os temas são diversos: Boas práticas na Manipulação de Alimentos, Logística sustentável, Eletricista industrial, Aperfeiçoamento em Meio Ambiente, entre outros.

Nós, do setor industrial, temos nos ocupado também em mostrar ao mundo que vai valer à pena participar da COP em Belém. Temos observado desistências, mas não esmorecemos. Nosso discurso é aprofundado, baseado em projetos consistentes e duradouros, como a Jornada COP+. O movimento multissetorial liderado pela Federação das Indústrias do Pará, que envolve todas as federações da Amazônia brasileira, propõe a construção de uma nova agenda econômica, ambiental e social com compromissos para além da COP30. Fizemos um chamamento a outros setores, pesquisadores, população em geral, e estamos construindo uma dinâmica que, arrisco dizer, não foi vista nas outras cidades sede das COPs. 

E não estamos isolados no norte do país. Estamos alinhados a um movimento ainda mais amplo, a Sustainable Business COP, da CNI. A aliança global empresarial criada para o engajamento de empresários e entidades do setor tem como objetivo garantir o cumprimento dos acordos firmados em todas as conferências das nações unidas sobre as mudanças climáticas.

Portanto, insisto. São muitos os desafios reconhecidos e também enfrentados. Não é hora de deixar que nossas fragilidades tomem a dianteira diante da chance que temos de mostrar nosso compromisso com a sustentabilidade, o desenvolvimento sustentável e, fundamentalmente, com o esforço de sobrevivência com relação à competitividade com outros países.

Alex Carvalho, presidente da FIEPA