NÃO PODEMOS ACEITAR UM PLANO QUE NOS PRIVA DO CONHECIMENTO SOBRE O QUE ESTAMOS ABRINDO MÃO
Diante das notícias que apontam para uma estratégia articulada com o intuito de priorizar a exploração de petróleo na Margem Equatorial, localizada no Rio Grande do Norte, relegando os estados da Amazônia a uma posição secundária, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) deseja instigar a reflexão sobre essa temática. Iniciamos esse processo com um apelo ao Ministério do Meio Ambiente, para solicitar esclarecimentos à sociedade a respeito do que, efetivamente, constitui uma campanha exploratória de petróleo.
Enquanto aguardamos a obtenção de informações sobre o conceito de exploração, é fundamental reforçar um entendimento já consolidado: a atividade de explorar difere substancialmente da produção. A pesquisa ou exploração é definida como o "conjunto de operações ou atividades destinadas à avaliação de áreas, com o objetivo de descobrir e identificar depósitos de petróleo ou gás natural". Conforme estabelecido em nossa legislação, trata-se de uma fase de pesquisa que viabiliza a coleta de dados necessários para avaliar o potencial, a viabilidade, os custos e os riscos associados à exploração de petróleo e gás.
É imperativo que fique evidente que a restrição à exploração compromete inteiramente o debate público e a capacidade da sociedade de tomar decisões embasadas. Esse contexto levou a Petrobras, uma empresa atuante em um mercado altamente competitivo, a se deparar com decisões que não seriam consideradas se o debate não estivesse influenciado por uma disputa narrativa e por diferentes visões sobre o desenvolvimento da Amazônia, frequentemente desconsiderando a perspectiva dos próprios habitantes da região.
Não deveria ser necessário segmentar o projeto em "Plano A" e "Plano B". O plano deve ser único: a exploração e pesquisa abrangendo toda a Margem Equatorial, desde os estados da Amazônia até o Nordeste.
Como cidadãos da Amazônia, não podemos aceitar um plano que nos priva do conhecimento sobre o que estamos abrindo mão. A sociedade amazônica não pode continuar a ser tratada como secundária na tomada de decisões que afetam a própria região.
Por fim, cabe questionar por que não temos acesso ao que ainda não sabemos. A quem interessa a manutenção da ignorância em relação à distinção profunda entre a fase de exploração e a fase de produção?
Nós, do setor produtivo do Pará, da Amazônia, almejamos que o Brasil e o mundo reconheçam no presente o nosso direito de conhecer nosso potencial e de participar de negociações em pé de igualdade, sem subordinação, assumindo um papel de protagonistas em nosso próprio futuro. Isso se faz necessário, visto que ao longo de nossa história e passado, não nos foi concedida a oportunidade de direcionar os rumos de nossa região de maneira adequada.
Alex Dias Carvalho
Presidente da FIEPA