Energia, desenvolvimento e soberania marcam abertura do Amazon Energy 2025
- marialuiza9513
- 25 de jun.
- 3 min de leitura

A abertura das programações do Amazon Energy 2025 e 2º Evento Pré-COP IBP reuniu autoridades políticas, especialistas e empresários, nesta quarta-feira (25/06), para discutir os rumos da exploração energética na Amazônia, com foco na Margem Equatorial e na transição das matrizes de energia de forma justa. As discussões seguem até esta quinta-feira (26/06), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), em Belém.
O presidente do Sistema FIEPA, Alex Carvalho, destacou a oportunidade de abordar o tema que tem se apresentado como relevante para transformar o cenário econômico e social da região Norte, que, historicamente, enfrenta desafios para alcançar o desenvolvimento e se desvencilhar da submissão dos programas assistencialistas.
“Esse momento tem para nós um viés de emoção, de quem, há tempos e décadas, sonha em ver prosperar uma região carente, pobre e submissa de programas assistencialistas, pela falta de empregos qualificados e pela ausência de um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia”, afirmou.
Representando o setor que emprega 235 mil trabalhadores e responde por 48% do setor industrial da Amazônia, Carvalho defendeu o equilíbrio entre sustentabilidade, compromisso social e competitividade econômica.
“O reacionarismo aos grandes projetos age como se deles viesse a devastação ambiental. Não. É a pobreza e a miséria que estão nos causando mal. Porque não é só o mau ambiental. É o mau social. Nós estamos perdendo guerras diárias para o narcotráfico, para o crime organizado, para a ilegalidade, para o contrabando. Eu tenho certeza de que a exploração de petróleo na Margem Equatorial cumpre com a legislação. Tenho certeza do altíssimo nível de competência técnica envolvido, que trará a segurança necessária para que essas falácias e mentiras se calem”, defendeu o presidente do Sistema FIEPA.
Com uma visão técnica e geopolítica, o CEO do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, explicou a natureza da atividade proposta. “Nós estamos falando de uma atividade de prospecção. Se encontrarmos uma acumulação economicamente viável, estaremos diante de uma grande oportunidade de desenvolvimento econômico para a região Norte.”
Ardenghy citou o caso da Guiana, que teve crescimento de 58% no PIB após começar a produzir petróleo na mesma faixa geológica da Margem Equatorial. “Se não localizarmos novas reservas no Brasil, voltaremos a importar petróleo já em 2033 ou 2034. Isso compromete nossa balança comercial e nos torna vulneráveis às crises geopolíticas”, alertou o CEO do IBP.
Josiel Alcolumbre, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no Amapá, foi enfático ao criticar o desconhecimento generalizado sobre o projeto e as distorções na narrativa ambiental. “Tudo aquilo que é desconhecido, temos a tendência de maldar. Estamos disponíveis para tirar dúvidas. O poço está a 540 km da foz do rio Amazonas. Não é no meio da floresta. E o Amapá, estado mais preservado do Brasil, já é carbono negativo.”
Alcolumbre também apontou contradições no acesso a recursos internacionais: “O Fundo Amazônia tem 100 bilhões de dólares, mas o Amapá nunca recebeu um real porque preservou. Esse fundo é para reflorestar o que foi desmatado. O mundo premia quem destruiu e pune quem preservou.”
Carlos Agenor, diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural do Ministério das Minas e Energia, reforçou a urgência da exploração na Margem Equatorial. “Mesmo com o melhor aproveitamento do pré-sal, não é suficiente para reverter a queda de produção. O que era oportunidade em 2013 se tornou uma necessidade. Precisamos descobrir se há reservas.”
Agenor criticou o conceito de “sensibilidade ambiental” aplicado ao projeto, dizendo que as modelagens indicam que não há risco de impacto na costa. “Se houver vazamento na Bacia de Campos, ele chega à praia. Aqui, não. É um deserto subaquático, com apenas lama. Não há corais. Não há absolutamente nada. Estamos falando de exploração offshore, distante do litoral e segura”, concluiu.