FIEPA anuncia compromissos sustentáveis em Cúpula de Inovação e Sustentabilidade da Indústria
- marialuiza9513
- há 9 horas
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A indústria da Amazônia pretende deixar um importante legado que vai além da COP30. A Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) apresentou, nesta terça-feira, 18, na Casa SESI Indústria Criativa, um conjunto de compromissos voltados ao fortalecimento da sociobioeconomia, ao combate ao desmatamento e às queimadas ilegais e à consolidação da economia circular como eixo estruturante do setor produtivo. Os anúncios foram realizados durante a Cúpula de Inovação e Sustentabilidade da Indústria, evento que reuniu lideranças empresariais, autoridades, especialistas e diversas instituições parceiras.
O encontro, realizado em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), integra as ações da Jornada COP+, movimento multissetorial liderado pela FIEPA. Durante a programação, foram divulgados os três programas estruturantes que passam a compor, de forma permanente, a Federação: o Programa de Sociobioeconomia, o Programa de Apoio ao Combate ao Desmatamento e Queimadas Ilegais e o Programa de Economia Circular.
A Cúpula também marcou o lançamento do Guia de Práticas Sustentáveis para a Indústria da Amazônia, desenvolvido pela Jornada COP+ com foco em orientar pequenas e médias empresas sobre caminhos possíveis para a adoção de modelos produtivos sustentáveis. O material reúne orientações, conceitos e sugestões de boas práticas alinhadas às exigências ambientais e sociais contemporâneas, e está disponível no site da Jornada COP+.

Alex Carvalho, presidente da FIEPA e da Jornada COP+, explicou que o material foi elaborado para apoiar especialmente micro e pequenas empresas.
“Este guia traduz o ESG para a realidade amazônica, reunindo ferramentas, programas de apoio, metodologias, certificações e mecanismos capazes de tornar nossas empresas mais competitivas, mais transparentes e mais resilientes”, declarou. Ele também destacou o papel estratégico da Amazônia na agenda climática global. “O guia mostra como o contexto da Amazônia, com sua biodiversidade única, seus desafios ambientais e suas oportunidades econômicas, pode impulsionar um modelo de desenvolvimento baseado em baixo carbono, conservação e inovação”, disse.
Deryck Martins, coordenador técnico da Jornada COP+, reforçou a necessidade de ampliar o acesso a informações e fortalecer a preparação das indústrias para as transformações ambientais e produtivas. “A ideia é pensar a sustentabilidade como vantagem competitiva. O mercado já exige isso, e cada vez mais fará parte dos negócios das indústrias”, afirmou.
Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio da Amazônia Legal destacou a importância do diálogo permanente entre governo, empresas e sociedade para o avanço das políticas socioambientais. “Esse diálogo já deu resultados. Foram mais de 30 mil pessoas, organizadas e contribuindo, que participaram das nossas ações em todo o Estado”, afirmou.
Combate ao desmatamento e queimadas
Entre os anúncios, ganhou destaque o Programa de Combate ao Desmatamento e Queimadas Ilegais, que inicia neste ano e segue até 2030. A iniciativa envolve indústrias e agroindústrias paraenses e está estruturada em três etapas: diagnóstico, para mapear ilegalidades e calcular as perdas econômicas geradas por práticas predatórias; engajamento, com a participação de empresas de setores diretamente ligados à produção, como carne, madeira e grãos; e ação direta, com a identificação de pontos críticos de desmatamento e queimadas e o envio dessas informações às autoridades competentes.
Francisco Victer, presidente do Conselho Temático de Assuntos Legislativos da FIEPA e líder da iniciativa, descreveu o programa como “um passo histórico do setor produtivo no enfrentamento ao desmatamento e às queimadas ilegais. Hoje, a indústria e a agroindústria reconhecem que não basta evitar práticas predatórias, é preciso atuar ativamente para combatê-las. Estamos assumindo o compromisso de identificar irregularidades, apoiar ações de controle e mostrar, com dados, que uma produção sustentável é não apenas possível, mas economicamente mais vantajosa. Ao combater o desmatamento, contribuímos diretamente para reduzir emissões, proteger a Amazônia e fortalecer a competitividade do próprio setor”, afirmou.
Sociobioeconomia como caminho estratégico
O Programa de Sociobioeconomia, desenvolvido em parceria com o Instituto Bem da Amazônia e o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA), pretende fortalecer políticas e negócios que valorizem a floresta em pé e os povos amazônicos.
A iniciativa prevê o diagnóstico da produção industrial e dos empregos da bioeconomia, a realização de estudos aprofundados sobre os impactos econômicos, sociais e ambientais do setor, a criação de uma plataforma digital georreferenciada para mapear cadeias produtivas de valor e a elaboração de relatórios que orientem decisões estratégicas de gestores públicos e privados.
O programa também contará com um Observatório da Bioeconomia, voltado ao monitoramento constante do setor, com uso de metodologia desenvolvida pelo professor Francisco de Assis Costa (NAEA/UFPA).
Circularidade como política permanente
Outro legado anunciado foi o Programa de Economia Circular, que passa a integrar de forma definitiva a agenda da FIEPA. A iniciativa pretende atuar junto ao poder público na formulação de políticas de logística reversa e gestão de resíduos sólidos. O programa inclui o mapeamento e a divulgação de boas práticas industriais, além de ações de capacitação e de apoio à implementação de soluções de circularidade.
Durante a apresentação, Deryck Martins explicou que a Economia Circular representa uma mudança estrutural no modelo produtivo. “A economia circular nos permite antecipar esse cenário, inovar e construir novas soluções, desde a origem do material até sua reinserção na cadeia produtiva”, afirmou.
Martins também reforçou que o programa foi estruturado para funcionar de forma integrada ao ecossistema já existente na Federação. “A ideia não é criar um ambiente paralelo, e sim fortalecer o que já temos, trabalhar com as demais casas do Sistema FIEPA e os parceiros estratégicos para acelerar a adoção de práticas circulares e construir um modelo sólido de governança”, disse.
Também será criado um Grupo de Trabalho em parceria com a SEMAS, responsável por atuar diretamente na elaboração e regulamentação de normas que fortaleçam a economia circular no estado, especialmente no que diz respeito à logística reversa e ao tratamento de resíduos.




















