Sindicarne reforça compromisso com sustentabilidade e rastreabilidade na indústria bovina
- Mayra Leal
- há 7 dias
- 3 min de leitura

Uma ação concreta de fiscalização e conscientização pública: esse é o objetivo das empresas que participam do movimento de combate ao abate clandestino. O Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado do Pará (SINDICARNE) é uma forte representação de atuação na criação de soluções e no incentivo a práticas sustentáveis para essa indústria. Propósitos que estão alinhados à Jornada COP+, iniciativa liderada pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) que vem fortalecendo projetos inovadores e articulando esforços em parceria com governos e organizações, em busca de soluções para combater ilegalidades no setor.
A pecuária bovina é um setor de grande relevância para a economia brasileira, representando cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo dados de 2025 da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). No cenário internacional, o Brasil ocupa a liderança mundial na exportação de carne bovina e é o segundo maior produtor global da proteína. No Pará, o SINDICARNE, sindicato vinculado à FIEPA, desempenha papel fundamental na articulação entre os produtores locais e o mercado, promovendo o desenvolvimento sustentável da cadeia da carne e fortalecendo a competitividade da indústria frigorífica regional.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS/PA), o estado do Pará é pioneiro e líder no processo de monitoramento e seleção socioambiental de fornecedores diretos, sendo o único a vincular a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Em outras palavras, o transporte de animais só é permitido se a propriedade rural estiver com o CAR regularizado, garantindo que critérios sociais e ambientais sejam cumpridos antes da comercialização. É preciso que as empresas não estejam envolvidas em desmatamento ilegal, que o território não esteja em terras indígenas ou sobreposto a unidades de conservação. Também não pode haver embargo ambiental e ocorrência de trabalho escravo. Além disso, é preciso estar regular no CAR e sem eventuais alterações em seus limites, que podem envolver modificações na área, reserva legal ou áreas de preservação permanente. Também é necessário estar em conformidade com o licenciamento ambiental rural no Estado do Pará (LAR), com a regularidade da GTA e índices de produtividade.

Nesse cenário, ganha destaque o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne, considerado um dos principais instrumentos de controle do desmatamento na cadeia pecuária brasileira. Como explica Francisco Victer, presidente do Conselho Temático de Assuntos Legislativos da FIEPA e representante da União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (UNIEC), há esforços individuais das empresas e um esforço coletivo do setor de carne bovina. “Desde 2009, as indústrias de carne, couro e a pecuária em geral vêm participando de um compromisso proposto pelo Ministério Público Federal, cumprindo requisitos socioambientais no processo de compra de gado para abate. Essas indústrias só compram animais provenientes de propriedades legais no Cadastro Ambiental Rural, fora de áreas de desmatamento, de trabalho escravo, terras indígenas ou unidades de conservação. São requisitos básicos para garantir a legalidade da procedência da matéria-prima”, declara.
O cumprimento desse compromisso é verificado por meio de auditorias independentes coordenadas pelo Ministério Público Federal, com participação de organizações como o Imaflora e Amigos da Terra. “Não é meramente uma intenção, é uma ação concreta, auditada de forma independente”, explica Victer.
No 6º ciclo de auditorias, realizado entre 2024 e 2025, a cobertura atingiu 81% do rebanho destinado ao abate no estado e as empresas apresentaram índice geral de 91,76% de conformidade aos critérios avaliados. Segundo Victer, o alcance do universo auditado vem aumentando ano a ano. “Se no 2º ciclo chegávamos a 65%, agora já alcançamos 81%, o que é muito significativo considerando as distâncias e dificuldades logísticas da pecuária no Pará. E, além disso, o nível de conformidade também cresce a cada ciclo”, destaca.

Na última auditoria, foram auditadas empresas responsáveis pela comercialização de mais de 2,24 milhões de animais e cinco delas alcançaram 100% de conformidade (Minerva, Agroexport, Frigol, Mafrinorte, Masterboi). Além delas, outras duas (Mercúrio e Rio Maria) mantiveram desempenho acima de 99% nos três últimos ciclos, consolidando-se como referências em gestão socioambiental na cadeia produtiva. Esse processo, que já tem 15 anos, tirou a pecuária da Amazônia de uma condição de baixo ou nenhum controle para um sistema regular e transparente. “Hoje as próprias empresas fiscalizadas oferecem as informações num esforço público e privado, com o controle social de organizações não governamentais”, conta Francisco Victer.
Atualmente, 42 empresas atuam como signatárias do TAC no Pará, e a fiscalização cobre praticamente todas as companhias com relevância no volume de abate e exportação. Os resultados evidenciam avanços importantes na transparência, no monitoramento e na sustentabilidade da pecuária bovina no estado, reforçando a importância de iniciativas que promovam uma cadeia produtiva mais responsável e alinhada às demandas socioambientais globais.