Festival SESI de Cultura encerra com programação sobre ESG e inauguração de auditório
- Mayra Leal
- há 22 minutos
- 4 min de leitura

“A gente só vai combater desigualdade social com educação e cultura e isso também é papel das empresas e das indústrias”. A reflexão fez parte da palestra magna da jornalista e especialista em ESG Giuliana Morrone, no evento “ESG na Cultura – Diálogo sobre Sustentabilidade e Ética”. A programação de encerramento do Festival SESI de Cultura ocorreu nesta quarta-feira, 22, em Belém e também marcou a inauguração do novo Auditório Albano Franco, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará.
A palestra magna refletiu sobre ESG, responsabilidade social e ambiental na cultura, com provocações e dicas sobre sustentabilidade e ética no cenário cultural. “Um projeto cultural precisa estar pautado em princípios, integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade”, destacou Morrone.

A programação do Festival SESI de Cultura iniciou em agosto, com diversos shows e espetáculos que valorizaram a produção artística regional. O Festival é uma iniciativa cultural selecionada pelo Programa Nacional de Cultura, do SESI Nacional. “É um festival nacional, para todo o Brasil, mas genuinamente paraense. Todos os artistas que se apresentaram são paraenses. E isso é motivo de muito orgulho” pontuou Ana Cláudia Morais, gerente executiva de Cultura do SESI Pará .
O evento também integra as ações da Jornada COP+, movimento multissetorial liderado pela FIEPA, voltado à construção coletiva de uma nova agenda econômica, social e ambiental para a indústria na Amazônia. Propósito destacado pelo presidente do Sistema FIEPA e da Jornada COP+, Alex Carvalho, em mesa de abertura. “Nós da indústria temos a obrigação de buscar as melhores práticas possíveis, buscar conexões com o meio ambiente, com o ser humano e com a sociedade. Queremos proporcionar cada vez mais diálogos e conexões sadias”.
Programação teve painéis sobre cultura e ESG

Além da palestra magna, o evento reuniu especialistas em painéis sobre cultura e sustentabilidade. Boas práticas de governança no setor cultural foi o tema do primeiro painel, que reuniu representantes de instituições e empresas que atuam na gestão ética e transparente de projetos culturais; e foi mediado por Beth Ponte, gestora cultural, pesquisadora e consultora da Ponte Cultural & Desenvolvimento.
Douglas Meirelles, gerente de Public Affairs, Soluções Integradas e Sustentabilidade da Saint-Gobain Brasil refletiu sobre a importância de construções mais sustentáveis para edificações de equipamentos culturais, como museus, teatros e auditórios. “O mundo está mudando e a gente precisa pensar em novos métodos e novas formas de construir que se adaptem a essas novas realidades”.
Eugênio Pantoja, gerente sênior de Performance Social da Hydro, refletiu sobre o papel da indústria no fortalecimento da cultura e destacou projetos culturais incentivados pela empresa. “Não vai haver transição climática justa se a cultura não estiver envolvida. E daí a importância de que o setor industrial, no nosso caso, a maior indústria de bauxita e alumínio do mundo fortaleça essa cultura. A gente tem atuado desde a base, na relação com as comunidades. Por exemplo, a gente acabou de fazer uma mostra de fotografia com indígenas Turiwaras da região do Rio Acará, que foi exibida em Nova York, uma mostra de fotografia feita pelos próprios indígenas. Então é sobre como a gente devolve benefícios para as comunidades em função de tudo aquilo que a gente extrai de valor econômico aqui da região.”
Grazi Giácomo, gerente técnica do Instituto de Desenvolvimento e Gestão, apresentou os museus geridos pelo Instituto, com destaque para o Museu das Amazônias. O equipamento, recém inaugurado em Belém, integra ciência, cultura, educação e sustentabilidade promovendo experiências significativas para a comunidade. Em três semanas, o espaço já recebeu mais de 20 mil visitantes.
Enfatizando a importância do trabalho em rede, da transparência e governança no setor cultural, Paula Bosso, gestora nacional da Política SESI de Cultura apresentou o Programa Nacional de Cultura do SESI. No painel, ela também ressaltou projetos do SESI Pará e iniciativas promovidas pelo Serviço Social da Indústria em prol da cultura em todo o Brasil.
O segundo painel debateu ESG como critério para investimento cultural e refletiu sobre como patrocinadores e fundos de investimento têm incorporado estes critérios para avaliar projetos culturais. A mediação foi feita por Clarisse Fonseca Chagas, gerente do Polo de Moda do Senai Pará.
Gabriel Gutierrez, gestor do Instituto Cultural Vale, explicou o trabalho do Instituto e refletiu sobre como estamos em um momento único e maduro para a cultura. “Até a maturidade sobre a própria ideia da Amazônia, a gente não entende a Amazônia como entendia antes. Dos quarenta anos que a Vale está na Amazônia atuando como empresa, trinta ela investe em cultura, porque ela foi compreendendo, caminhando junto com as políticas de apoio da cultura. O Instituto Cultural Vale acaba sendo um reflexo dessa maturidade e de como organizar melhor os investimentos, pensando no Brasil como um país complexo”, afirmou.
Isabela Lima, coordenadora de Sustentabilidade/ESG do Festival Ambienta e CEO da Bioma, contou a experiência do festival na preocupação com a territorialidade, gerenciamento de resíduos, fortalecimento da mão-de-obra local e no uso de materiais e produtos mais sustentáveis. “A gente mapeia em cada eixo do festival onde a gente pode mudar uma chavinha para trazer ESG em várias partes do festival. E isso mais do que para constar em relatórios e sim para disseminar práticas e trazer mais consciência para esses temas”, refletiu.
Odecir Costa, diretor de Fomento Indireto do Ministério da Cultura, refletiu sobre como a cultura já tem em sua essência o compromisso com práticas e ideias ESG, explicou como funciona a Lei Rouanet, destacou o programa Rouanet Norte, e a capacidade de transformação dos projetos incentivados pela lei de incentivo e a transparência envolvida em todo o processo. “ A transparência é total. Isso faz com que o empresário, o patrocinador do projeto alcance uma das maiores diretrizes sem precisar de esforço, utilizando já o padrão que está implementado”. O representante do Ministério da Cultura também comemorou o avanço de projetos culturais no Pará, a parceria com o SESI e refletiu. “Cultura é dever”.
Evento reabriu auditório

O evento também marcou a reinauguração do novo Auditório Albano Franco, que foi completamente revitalizado para acolher as ações, eventos e debates promovidos pelo Sistema FIEPA. O auditório foi aberto pela primeira vez em 1987, desde então sediou diversos eventos e programações da indústria paraense.
Nessa nova fase, o espaço integrará o Brazilian Industry Hub, que será o ponto de convergência da indústria nacional durante a COP30, em novembro. No período, o novo auditório sediará programações como painéis, anúncios estratégicos, lançamentos de compromissos e projetos, promoção de networking e ativações dos patrocinadores da Jornada COP+, além de encontros de líderes empresariais do mundo todo.