Projeto da Alcoa em Juruti fortalece cultivo de mandioca com inovação e impacto social
- Mayra Leal
- 10 de jul.
- 3 min de leitura
Em Juruti, no oeste do Pará, a cultura da mandioca é o motor de renda e segurança
alimentar para diversas famílias graças ao Projeto Maniva Tapajós. Desenvolvido pela
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) há mais de uma década e com apoio da
Alcoa Juruti desde 2023, contempla 250 pessoas em quatro comunidades localizadas na
área de atuação da empresa. A proposta combina saberes tradicionais com soluções
inovadoras, promovendo uma agricultura sustentável e adaptada à realidade local.
O projeto Maniva Tapajós se iniciou em 2013 a partir de uma demanda da Cooperativa dos
Produtores da Agricultura Familiar da Comunidade Boa Esperança (Coopboa), que tinha
lavouras afetadas por podridão de raiz. “Hoje o programa contempla produtores em cinco
municípios na região: Santarém, Mojuí dos Campos, Belterra, Óbidos e Juruti,
desenvolvendo trabalhos de ensino, pesquisa e extensão universitária, e conta com um
portfólio que vai desde o estudo técnico de doenças no campo até a produção nas casas de
farinha das famílias assistidas.
Com o apoio da Alcoa Foundation, a produção de mudas de mandioca está sendo realizada
em uma biofábrica. Em janeiro deste ano, o projeto iniciou o plantio dessas mudas em áreas
coletivas. “As mudas demoram um ano para crescer e a expectativa é que em dezembro
sejam colhidas e distribuídas entre os produtores, para que possam plantar em suas
propriedades, sempre com a assistência especializada do projeto”, explica Monica
Espadaro, Diretora Executiva de Operações do Instituto Alcoa.
A metodologia aplicada no projeto foi desenvolvida pela UFOPA e se destaca pela eficiência
no aumento da qualidade fitossanitária e da produtividade das mudas. As variedades
utilizadas são mais resistentes à seca e a doenças, e estão adaptadas às condições
climáticas e geográficas da região.
Além disso, a mandioca está sendo cultivada em Sistemas Agroflorestais (SAFs), junto com
outras culturas como o milho, feijão e melancia. Com isso, o projeto busca fortalecer a
sucessão rural, melhorar a segurança alimentar e ampliar a renda das famílias agricultoras.
“Essas outras plantas poderão ser aproveitadas pelas famílias para consumo próprio ou
venda, a critério de cada produtor. A parceria com a UFOPA como instituição de pesquisa
também é o cumprimento da tarefa de multiplicar saberes e democratizar produtos que são
de conhecimento vivo da comunidade”, destaca Espadaro.
A iniciativa conta ainda com o apoio da Fundação de Integração Amazônica (FIAM) e tem
como meta, nos próximos dois anos, triplicar a produção de mudas — passando de 40 mil
para 120 mil — e expandir o alcance para produtores de outros municípios da região. A
previsão é de um aumento de até 200% na produtividade, com mais de 120 famílias
impactadas diretamente.
De acordo com Ana Karol Amorim, Gerente de Performance Social e Relacionamento Comunitário da Alcoa Juruti, o projeto está alinhado aos princípios globais de desenvolvimento sustentável da empresa,
que atua em Juruti desde 2009 com foco em mineração responsável e desenvolvimento
comunitário compartilhado. “A Alcoa vem de uma tradição de mais de 100 anos e, nestes 15
anos em Juruti, reafirma seu compromisso com a geração de renda e emprego. Do total de
funcionários da unidade, 84% são paraenses e, destes que são do Pará, 60% são naturais
do município”, ressalta Amorim.
O projeto também valoriza a cultura local ao escolher a mandioca, um alimento essencial na
dieta do paraense e com grande produção na região. “A maniva é a base da cultura
alimentar do nosso povo amazônico. Com isso, podemos valorizar e respeitar a cultura dos
territórios onde a gente está inserido. Queremos construir, junto com os moradores, um
legado sustentável para a região”, afirma a gerente.
Outro destaque é o protagonismo feminino, muitas das famílias beneficiadas são lideradas
por mulheres. O projeto também quer valorizar o território, gerando oportunidades de renda
e fortalecendo a permanência das famílias no campo. “Estamos contribuindo com a
autonomia das mulheres que são líderes dessas famílias numa região no interior da
Amazônia. Além disso, o campus da UFOPA tem um curso de Agronomia, formando
profissionais que também são filhos deste território e que poderão levar esse projeto ainda
mais longe”, conclui Ana Karol Amorim.















