Protagonismo feminino e transição energética encerram o Amazon Energy com apelo à união pela Amazônia
- Mayra Leal
- 26 de jun.
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O debate sobre a liderança feminina na indústria e a importância do setor para a descarbonização, especialmente no contexto da COP 30, encerrou o Amazon Energy, evento que discutiu a matriz energética na Amazônia. Realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), o encontro teve selo da Jornada COP+ e abordou assuntos que fazem parte dos propósitos do movimento pela transição justa na Amazônia brasileira.
Com o Comitê de Mulheres e povos tradicionais, a Jornada propõe a discussão sobre o protagonismo feminino como eixo transversal. Um dos desafios, inclusive, é aumentar este público no setor produtivo. Dados do Observatório da Indústria do Pará mostram que, na indústria brasileira, as mulheres são 25% entre os trabalhadores. No Pará o percentual é de 16,22%. Os dados foram apresentados pela gestora executiva da Jornada COP+, Elen Néris, em painel sobre a COP 30 e liderança feminina. “Aqui mesmo dentro do sistema FIEPA a gente tem belos exemplos de indústrias associadas que fazem parceria com o SENAI e abrem turmas exclusivas para mulheres, seja na área de mineração, seja na área de energia. Dessas turmas, quase todas as alunas são absorvidas dentro da indústria. E no sistema a gente tem muitas mulheres, inclusive, em posição de liderança”, destacou.
A empresária, diretora da FIEPA e líder do Comitê de Economia Circular da Jornada COP+, Priscilla Vieira, está entre essas lideranças. No painel, a empresária contou experiências do mundo corporativo e ressaltou a necessidade das mulheres dobrarem a capacidade técnica para conquistar espaço. “Nós temos um poder grande interno, e por que não aparecer? E por que não esse protagonismo? Com capacidade, com técnica, com oportunidade, com dignidade. Não porque somos mulheres, mas porque nós temos qualificação, nós temos capacidade para isso. Quando a gente se propõe a fazer alguma coisa, a gente faz e faz bem feito”, ressaltou Priscilla.
Enquanto líder do comitê, ela ressaltou que, dentro da Jornada COP+, a proposta é mostrar boas práticas da indústria no que se refere ao protagonismo feminino e a iniciativas de economia circular. “A gente vai mostrar cases locais. Vamos dar protagonismo a quem tem boas práticas. Com isso, vamos inspirar e repensar o modelo circular na indústria”, explicou Priscilla.
A Gerente de Petróleo e Gás da FIRJAN, Karine Fragoso, apresentou a realidade da discussão dentro do setor “A indústria vem procurando se adaptar às necessidades das mulheres. Queremos equidade, mas nossas distinções precisam ser observadas. A gente precisa falar da inserção, e precisa falar não só com as mulheres, precisa falar também com os homens”, ressaltou.

O painel também contou com a presença de Elizabete Grunvald, presidente da Associação Comercial do Pará (ACP). “A ACP foi a primeira entidade do Brasil a segmentar suas ações para atender aos estímulos e capacitação das mulheres. As entidades empresariais são eminentemente masculinas e estar nesse lugar na presidência da Associação Comercial, onde nenhuma outra entidade tem uma mulher, é um desafio, mas não é um sofrimento. É um processo que a gente já vem trilhando. As mulheres têm menos oportunidade para estudar, para se capacitar, e por isso elas estão em menos palcos e nós, entidades e empresas, precisamos trabalhar isso em nossos quadros, definindo estratégias verdadeiras de inclusão ", ressaltou.
No último painel do dia, representantes dos setores envolvidos no evento fizeram um balanço dos debates apresentados ao longo do Amazon Energy, e ressaltaram os desafios dos próximos passos para uma transição energética na região.
Mediado pelo diretor da Agência de Desenvolvimento do Amapá e organizador do evento, Antônio Batista, a programação de encerramento teve a participação da Diretora Executiva Corporativa do IBP, Claudia Rabello; do Secretário Adjunto da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS), Rodolpho Zahluth Bastos; do presidente do Sistema FAEPA, Carlos Xavier, e do presidente da FIEPA e da Jornada COP+, Alex Carvalho. “A casa se propõe a ir além do território paraense, unindo o território a outros estados da Amazônia Legal porque todos temos o mesmo propósito. Sabemos que juntos seremos capazes de internalizar a pesquisa, o desenvolvimento, o trabalho. Por isso, precisamos entender a importância dessa complementaridade. Está na hora de buscarmos uma união pela Amazônia. E estamos diante de uma oportunidade que vai transformar nossa realidade”, concluiu.

O evento terminou com a leitura da Carta Belém, um documento com a síntese dos principais compromissos e recomendações do setor energético, que tem como destinatária a coordenação da COP 30. A carta aborda o papel estratégico dos estados amazônicos para o futuro energético do Brasil. Veja no link.