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Projeto reúne saberes de artesãs da Amazônia

  • Maria Luiza Martins
  • 2 days ago
  • 4 min read
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Nascida e criada no Quilombo da Boa Vista, na região de Alto Trombetas, município de Oriximiná, no oeste do Pará, Josane Andrade é um dos rostos do artesanato amazônico. A relação com a arte se iniciou na infância, ao observar a mãe e a avó produzindo cerâmica inspirada na cultura Konduri, um legado arqueológico originário da região. Nas mãos de Josane e das mulheres da família, essa cerâmica vira biojoias.


Josane Andrade (centro), artesã e quilombola.
Josane Andrade (centro), artesã e quilombola.

Sementes e tecidos africanos também são utilizados pela artesã para fazer brincos, cordões, pulseiras, entre outras peças. Uma arte que é símbolo de resistência dos povos quilombolas da Amazônia. O quilombo de Josane foi o primeiro a ser titulado no Brasil. “É uma honra representar o meu povo. A minha biojoia é mais do que um enfeite. Ela representa minha força, minha história, minha avó, minha mãe e todas as mulheres que vieram antes de mim. Carrega o saber de quem resistiu para que eu pudesse estar aqui”, afirma Josane.


Em julho deste ano, a artesã saiu pela primeira vez do município de Oriximiná. Conheceu Santarém, e depois Belém. O motivo: ela foi uma das dezesseis artesãs selecionadas para participar do Projeto Joias da Amazônia, uma iniciativa que busca valorizar o artesanato produzido por mulheres da região.


Autonomia feminina


Realizado pelo Instituto Elabora Social, com patrocínio da Hydro e apoio do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e da Jornada COP+, o projeto reúne mulheres de vários lugares do Pará na criação de coleção de biojoias que valorizam a identidade amazônica e que serão expostas durante a COP30, em Belém.


Segundo Nathalie Kuperman, fundadora e diretora-presidente do Instituto Elabora Social, o projeto quer fortalecer uma joalheria sustentável e social. “Queremos dar visibilidade à joalheria amazônica, que é muito plural e composta por mulheres diversas. O objetivo é apresentar essa joalheria com toda sua riqueza, beleza única e ancestralidade territorial”, conta.


Nathalie Kuperman, diretora-presidente do Instituto Elabora Social.
Nathalie Kuperman, diretora-presidente do Instituto Elabora Social.

Durante uma semana, as artesãs estiveram reunidas em processo criativo imersivo. Com o auxílio de mentoras especializadas, cada artesã criou peças para a coleção. A programação ocorreu no Polo de Moda do SENAI Getúlio Vargas, em Belém. “Foi uma satisfação receber esse projeto, porque a gente já desenvolve ações com o objetivo de gerar empregabilidade para mulheres. Então é uma conexão com o nosso propósito de colocar mulheres capacitadas no mercado de trabalho”, explica a gerente do polo, Clarisse Fonseca, que também lidera o Comitê de Mulheres e Povos Tradicionais da Jornada COP+.


O trabalho das artesãs utiliza matérias-primas da região, como sementes e fibras vegetais, escamas de peixe, cerâmica regional, borracha, palha de tucumã, ouriço da castanha e madeira. Na coleção, as joias ganharão outro material: o alumínio reciclado fornecido pela Hydro. "É uma alegria muito grande participar e patrocinar esse projeto tão especial, que une arte, cultura e saberes tradicionais. Ao final desse processo, as artesãs com certeza vão ter trabalhado a potencialidade feminina e vai se abrir um universo de empreendedorismo e de outras possibilidades para elas”, destaca Paula Marlieri, diretora de Relações Externas da Norsk Hydro Brasil.

Quilombo


É um tipo de comunidade tradicional da América Latina, formada por descendentes de pessoas negras escravizadas. Seus territórios podem estar no meio urbano ou rural e, geralmente, guardam história, tradições e organização própria. De acordo com o Censo Demográfico 2022, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 1,3 milhão de pessoas quilombolas, presentes em 24 estados e no Distrito Federal. No Norte do país, o Pará é o estado com maior população quilombola.


Coleção de saberes e técnicas


As artesãs são mulheres quilombolas, ribeirinhas, extrativistas e urbanas. De Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, Mônica Moraes cria joias em parceria com a irmã, Juliana Moraes. O primeiro contato da família com a joalheria se deu por meio do irmão delas, que havia sido convidado para fazer desenhos técnicos para um artesão local, mas que teve que se afastar após uma reação alérgica aos materiais. Foi então que Juliana decidiu continuar o trabalho. “Ela se interessou, começou a ajudar com acabamentos, e eu entrei logo depois. Hoje tenho 38 anos, e já são mais de 17 de trabalho”, conta Mônica.


O ateliê cria joias autorais a partir de prata, madeira, gemas naturais, pérolas e sementes amazônicas. Muitas são esculpidas à mão, com atenção especial às texturas e à combinação entre tradição e design contemporâneo. Mônica destaca que o trabalho vai além da criação estética. As peças encomendadas exigem um exercício de escuta e conexão com a história de outras pessoas. Uma das mais marcantes foi a de uma cliente que desejava recriar uma joia da avó, a partir de uma foto antiga. “Não dava para ver todos os detalhes, mas fizemos o possível para reconstruir aquela peça com respeito e sensibilidade. Quando ela recebeu, se emocionou. Era mais do que uma joia, era um símbolo da memória da família”, relembra.


No projeto Joias da Amazônia, as histórias dessas artesãs se encontraram, em um momento de construção coletiva. “Mesmo morando na mesma terra, cada artesã tem uma história, uma técnica, uma maneira diferente de olhar para a arte. Eu gosto muito de ouvir, de aprender com essas diferenças”, conta Mônica.


Para Josane, foi uma conexão transformadora. “A gente vê o quanto cada peça carrega histórias, raízes e lutas. As nossas biojoias não são só adornos. Elas carregam a nossa alma, os saberes dos nossos ancestrais, nossa conexão com a natureza e com o sagrado”, ressalta a artesã.


O resultado deste trabalho poderá ser visualizado de perto durante a COP30, na Casa da Indústria Criativa, no centro de Belém. As peças serão comercializadas e toda a renda será destinada às artesãs.


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“São mulheres empreendedoras que, com saberes tradicionais e com a nossa riquíssima biodiversidade, agregam valores às suas produções, trazendo também os minerais, vocação do nosso estado. Uma conexão que resultará na melhoria da vida dessas mulheres e no reconhecimento, quem sabe mundial, desses saberes.” - Alex Carvalho, presidente do Sistema FIEPA e da Jornada COP+

 
 

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