Ações de economia circular são discutidas durante roadshow em Belém
- Mayra Leal
- 22 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de out.

O debate sobre o modelo econômico que busca romper com a lógica de extrair, produzir, consumir e descartar, a economia circular, e seus mecanismos, como a logística reversa, é o foco de uma programação itinerante promovida pelo Instituto Rever, nesta semana, em Belém. Parceiro da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e integrante do Comitê de Economia Circular da Jornada COP+, o Instituto promove diversas reuniões na cidade, para apresentação de iniciativas e soluções do setor. O Roadshow COP30 começou com agenda na FIEPA e, durante toda a semana, conta com reuniões e visitas a cooperativas, empresas, Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade no Pará (Semas-PA), Prefeitura de Belém e poder judiciário.
Na casa da indústria, foram discutidos assuntos como a regulamentação da logística reversa (o caminho de volta do produto para indústria, comércio ou serviços de reciclagem), a criação de indústria de reciclagem e a necessidade de políticas, leis e incentivos para a economia circular. A reunião contou com representantes da FIEPA e Jornada COP+, de empresas e da Semas. A ideia é criar um grupo de trabalho para dar andamento a essas discussões. “O nosso propósito aqui é trazer lições aprendidas de quem já fez, e quem está fazendo bem feito, para se implementar uma legislação que não é só ambiental. Ela traz um cunho social também muito importante quando se introduz, quando se inclui as cooperativas de catadores e catadoras”, destacou o diretor executivo do Instituto Rever, Ricardo Pazzianotto.

O Instituto Rever é uma entidade sem fins lucrativos, habilitada pelo Ministério do Meio Ambiente como gestora do sistema coletivo de logística reversa. Formado por mais de 50 entidades da indústria, atua em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Decreto Federal nº 11.413/2023, apoiando empresas no cumprimento das obrigações legais nos diferentes elos da cadeia produtiva.
No mês passado, a FIEPA e o Instituto fecharam acordo para impulsionar ações de sustentabilidade na região amazônica, com foco no Pará. O Centro das Indústrias do Pará (CIP) também assinou o protocolo. De acordo com Alex Carvalho, presidente da FIEPA e da Jornada COP+, o objetivo é fortalecer práticas que ajudem a dar uma destinação correta aos resíduos sólidos. O presidente também destaca o papel da indústria como um agente necessário para essa transformação. “Temos potencial para trazer ao território paraense uma indústria de reciclagem que pode criar uma série de insumos que possam transformar lixo em negócios e meios de vida, soluções que terão um impacto socioambiental importante e necessário”, pontuou.

Foco em soluções
Durante a reunião, foram apresentadas soluções de empresas parceiras do Instituto, que desenvolveram iniciativas de economia circular aplicáveis em projetos de sustentabilidade no Pará. Entre elas, a Yattó Economia Circular, que transforma o que seria “lixo” em novos materiais e produtos. Segundo a diretora de relações institucionais e governamentais da Yattó, Helena Gonçalves, é o momento de fortalecer as ações na região. “A COP abriu uma porta de oportunidades que vêm dos desafios que o Pará tem em relação a resíduos. A ideia é fazer com que as cooperativas do Pará tenham a opção de trabalhar com materiais que hoje acabam no aterro sanitário, mas que passam pela esteira delas. A gente está falando de um desenvolvimento de renda para uma cadeia muito importante”, afirmou.

Outra iniciativa apresentada foi a startup Niltex, que realiza projeto de educação ambiental nas escolas. A empresa já promove ações no Pará. “Nós trabalhamos a consciência das crianças através de gincanas e palestras, envolvendo toda a comunidade escolar junto com as cooperativas para fazer com que a economia circular aconteça de fato. Aqui no Pará, trabalhamos em parceria com algumas instituições”, contou Camila Storni, representante Norte e Nordeste da Niltex.
Regulamentação é necessária
Segundo Ricardo Pazzianotto, um dos desafios do Pará, no que se refere à logística reversa, é a legislação. “São Paulo tem uma legislação própria desde 2015, Mato Grosso do Sul desde 2018, mais ou menos. E a Região Amazônica é uma das menos regulamentadas. Dentro dos estados, só o Amazonas é regulamentado. A fiscalização e o controle da logística reversa tem que ser feitos localmente. E sem uma legislação local, estadual, fica difícil fiscalizar e controlar”, explicou o diretor executivo do Instituto Rever.

O secretário adjunto da Semas-PA, Rodolpho Zahluth Bastos, afirmou que o Governo do Estado já está construindo um decreto de logística reversa, e pontuou algumas ações que estão sendo realizadas para fortalecer o trabalho social e ambiental das cooperativas de catadores. “Recentemente nós entregamos, em Igarapé-Açu, e vamos entregar para cooperativas de Salinas, Salvaterra e Belém, entre outras, equipamentos como triturador de vidro, prensas, extrusoras. Então, é importante estruturar as cooperativas com aquilo que elas têm necessidade, para que elas estejam nesse arranjo de logística reversa que a gente está construindo em conjunto também com as indústrias, que têm papel fundamental na promoção da economia circular”, ressaltou.
A programação do Roadshow COP 30 segue até esta quinta-feira, 24. “Estamos olhando para o social, para o ambiental também, não só para a indústria, e visitando algumas empresas que possam ser parceiras desses projetos aqui no Pará. Não queremos apenas recolher o resíduo e levar para o Sul e Sudeste. Queremos criar uma cadeia da logística reversa aqui no estado, fazendo coleta, reciclando e vendendo aqui, pois só assim agregamos valor aos produtos”, concluiu Ricardo Pazzianotto
Texto de Mayra Leal.







