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Cupuaçu impulsiona a bioeconomia, gera renda e conserva a floresta

Atualizado: 31 de out.

Em mais uma reportagem da série “Bio Valor: os caminhos da socioboeconomia no Pará”, conheça detalhes da cadeia produtiva do cupuaçu 


Foto: Divulgação/ De Mendes
Foto: Divulgação/ De Mendes

Conhecido pelo sabor marcante e cheiro inconfundível, o cupuaçu é um dos frutos mais emblemáticos da Amazônia. O nome vem do tupi kupu, cujo significado é “que parece com cacau”, e uasu, que significa “grande”. A árvore do cupuaçu pode alcançar até 20 metros de altura, e é abundante nos estados do Pará e Maranhão, embora também seja encontrada em países vizinhos, como Equador, Colômbia, e até na África Ocidental, em Gana. De casca marrom e espessa, o fruto mede entre 15 e 25 centímetros e guarda uma polpa branca e perfumada, usada em sucos, doces, sorvetes e até em cosméticos. 


O sabor da polpa faz do fruto uma das estrelas da culinária paraense. Porém, mais do que um ícone gastronômico, o cupuaçu é também uma fonte de renda e sustentabilidade para comunidades amazônicas, e sua valorização tem impulsionado o surgimento de iniciativas inovadoras. Uma delas é a Tribo Superfoods, startup paraense localizada em Igarapé-Miri, no nordeste do Pará. A empresa produz e comercializa purês de frutas amazônicas congeladas que fazem sucesso dentro e fora do Estado. 


Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Segundo Maurício Pantoja, cofundador da empresa, a Tribo nasceu do desejo de diversificar as culturas na região do Baixo Tocantins, região onde predomina o cultivo do açaí. O sistema integra espécies como cupuaçu, cacau e açaí em produção que valoriza a biodiversidade e o manejo sustentável da floresta. “A ideia é unir inovação e saberes tradicionais para criar sistemas agroflorestais que permitam produzir o ano todo, com qualidade, mantendo a floresta em pé e gerando emprego e renda”, explica. 


Hoje, a empresa atua em parceria com duas cooperativas e 340 famílias nos municípios de Abaetetuba e Igarapé-Miri. Nos últimos anos, a startup vem ampliando o aproveitamento integral do fruto, com novos produtos e mercados. “Estamos crescendo não só na polpa, mas também no uso da amêndoa, que serve para a produção de manteiga e é vendida pura para o mercado de chocolates e bombons. Além disso, desenvolvemos o cupuaçu em pó e já estamos testando sua aceitação no mercado internacional”, conta Maurício. Entre os subprodutos mais recentes está o sorvete de cupuaçu da empresa, que tem se destacando no mercado nacional. “É um projeto audacioso, que busca mostrar que o cupuaçu tem muito potencial econômico, gastronômico e ambiental. Ele é símbolo de uma nova bioeconomia amazônica”, conclui o cofundador.


Foto: Divulgação/ Tribo SuperFoods
Foto: Divulgação/ Tribo SuperFoods

A cultura do cupuaçuzeiro vem se consolidando como uma das principais frutíferas tropicais da economia paraense, com destaque aos sistemas agroflorestais voltados à agricultura familiar. O arranjo produtivo mais comum é com o açaizeiro, pois as safras ocorrem em períodos diferentes do ano, o que garante renda contínua. De acordo com a Secretaria de Estado de  Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará - SEDAP, o Pará possui 8.900 hectares plantados, e uma produção anual de 29 mil toneladas de cupuaçu, sendo o maior produtor nacional do fruto. 


A cultura está presente em todo o território paraense, mas os municípios de Acará, Tomé-Açu e Moju se destacam nessa produção. A alta demanda pela polpa, usada na fabricação de compotas, sucos, sorvetes, néctares e doces regionais, é refletida no volume comercializado nas Centrais de Abastecimentos do Pará (CEASA), que chega a cerca de 14 toneladas por ano.


Cupulate: O chocolate amazônico


Foto: Divulgação/ De Mendes
Foto: Divulgação/ De Mendes

Além da polpa, o cupuaçu oferece sementes valiosas, utilizadas na produção da manteiga de cupuaçu, que é base para diversos produtos de beleza e de outra preciosidade da Amazônia: o cupulate. O produto é resultado da industrialização das sementes do fruto, ricas em lipídios, proteínas e calorias, que antes eram descartadas pelas agroindústrias. O doce é semelhante ao chocolate, porém 33% mais proteico que o cacau. O nome cupulate foi criado pela Embrapa, em 1990. Sua produção é totalmente orgânica, dispensa o uso de aromatizantes e flavorizantes, e é isenta de cafeína e teobromina.


No Pará, uma das principais referências nessa produção é a De Mendes, empresa sediada em Santa Bárbara,  região metropolitana de Belém. A empresa foi fundada pelo chocolatier César de Mendes. Natural de Macapá, se mudou para Belém ainda na infância, onde construiu raízes. César cresceu entre as tradições amazônicas, vendo a mãe e a avó prepararem chocolate e suco de cacau colhido do pé, sem imaginar que um dia se tornaria um especialista em chocolate.


O chocolatier conheceu o cupulate ainda nos anos 1980, na faculdade de Engenharia Química, em um projeto desenvolvido pela Embrapa. Em 2005, fundou sua empresa de chocolate, mas o trabalho com o cupulate só viria anos depois, quando teve curiosidade em trabalhar com o cupuaçu e fortaleceu parcerias com comunidades rurais, como a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Município de Belterra (Amabela), no sudoeste do Pará.  “Elas me apresentaram um cupulate que era uma bebida, e eu achei muito gostoso. Pedi permissão para aprender com elas, e realmente gostei do resultado”, relembra. As trabalhadoras rurais apresentaram ao chocolatier a técnica tradicional de tratamento das sementes, transmitida de geração em geração, e que hoje compõem a base do processo artesanal de produção da De Mendes. “É algo revolucionário. Parece uma novidade, mas é, na verdade, o resgate de um saber ancestral. Estamos revivendo uma tradição de forma muito especial, por meio da produção de chocolate e cupulate”, afirma César.


Foto: Divulgação/ De Mendes
Foto: Divulgação/ De Mendes

Atualmente, a De Mendes comercializa três opções de tabletes de cupulate: o Kunkuni, feito com 70% de cupuaçu e que é produzido com frutos da Colônia Chicano, em Santa Bárbara, em sistema agroflorestal; o Amabela, com 65% de cupuaçu  e que é feito com a colheita da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra, no sudoeste do Pará; e  o Sakaguchi, feito com 70% de cupuaçu e que apresenta notas cítricas, frutadas e textura cremosa.


Segundo o chocolatier, a troca de saberes com as comunidades locais permite um resultado inovador. “As comunidades participam do processo, interferem na preparação das amêndoas de cacau e cupuaçu, acrescentam informações, modos de fazer. E isso tem trazido resultados impressionantes”, ressalta. Para Mendes, investir nessas parcerias é essencial para fortalecer a bioeconomia amazônica. “Quanto mais apoiamos essas comunidades, mais preservação da floresta temos, mais cuidado com a natureza e mais pessoas envolvidas em proteger nosso maior patrimônio: a Amazônia”, finalizou.


*A série “Bio Valor” é uma iniciativa da Jornada COP+, liderada pela FIEPA,  que traz reportagens mensais sobre histórias e informações dos principais produtos da sociobioeconomia da Amazônia Brasileira. A série conta com a consultoria de Joana Martins, Diretora Executiva no Instituto Paulo Martins e líder do Comitê de Sociobioeconomia da Jornada COP+. A iniciativa também está alinhada ao Programa de Sociobioeconomia da Jornada, que  está criando uma plataforma digital para medir o valor desta economia no Pará. A plataforma servirá como um mapa das cadeias de produtores, associações, cooperativas e indústrias que compõem esse ecossistema no estado.


Por Nicole Oliveira, sob supervisão de Mayra Leal.



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